Do papel ao resultado: Lei do Bem, crédito e subvenção para inovar sua empresa

Inovação não é PPT bonito: é método, métrica e projeto financiável. Neste artigo, resumimos o papo com Victor Couto (Origami Lab) sobre inovação aberta e um caminho simples para começar

Inovar dá trabalho — e quase nunca tem o brilho que a palavra carrega nas redes. No dia a dia de quem empreende, inovação é menos sobre tecnologia “da moda” e mais sobre resolver problemas concretos com método, disciplina e métricas. 

Para falar sobre o assunto, recebemos Victor Couto, cofundador da Origami Lab, no Autenticados: para falar de um caminho pé no chão, financiável e replicável, que ajude micro e pequenas empresas (inclusive Autoridades de Registro) a transformar ideias em resultado.

Assista ao episódio completo abaixo:

Victor começa desarmando um mito: inovar não é colocar um software novo e esperar milagres. A diferença mora na capacidade de identificar uma dor específica, formular uma hipótese simples, conduzir um experimento barato e comparar antes e depois com um indicador claro — tempo de atendimento, retrabalho, conversão, ticket, o que fizer sentido para o objetivo. Ideias valem centavos; execução com métrica é o que gera valor.

A boa notícia é que existe “dinheiro na mesa” para viabilizar esses passos. A Lei do Bem, principal instrumento federal para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, permite abater do IR/CSLL parte relevante do investimento em PD&I — desde que a empresa esteja no lucro real e o projeto envolva risco tecnológico (apenas implantar um software pronto, sem desenvolvimento, costuma ser glosado). 

Isso exige projeto técnico, registro de horas, materiais, versões e uma rotina mínima de governança. Pode soar burocrático, mas é justamente o que separa a intuição da gestão. E, dependendo da estratégia do negócio, migrar para o lucro real pode fazer sentido: quem reinveste muito, com margens mais apertadas, tende a se beneficiar de tributar o resultado — não o faturamento.

Além dos incentivos fiscais, há linhas de crédito subsidiado (BNDES, FINEP e congêneres estaduais) com juros abaixo de mercado para inovação. Segundo Victor, o que conta é apresentar um projeto que faça sentido: problema, solução proposta, cronograma, orçamento, riscos, salvaguardas e indicadores de sucesso. Em cenários de juros elevados, essas linhas ajudam a dar fôlego ao caixa enquanto o produto ou a melhoria ganha tração. Para etapas em que o risco é maior ou a tecnologia ainda precisa ser provada, entram os editais de subvenção econômica: recursos não reembolsáveis com contrapartida e, muitas vezes, participação de ICTs (universidades e centros de pesquisa). O prazo costuma ser de 12 a 36 meses, com marcos de entrega e prestação de contas. É mais rigoroso, mas acelera curvas importantes sem sufocar o capital de giro.

Até aqui, falamos de fontes. Falta conectar com o como. A Origami Lab estrutura a inovação em campo, perto do usuário, olhando operação, entrevistando pessoas e mapeando jornadas antes de escrever uma linha de código. O método não precisa ser complexo. Começa assim: escolha um problema que dói (por exemplo, filas no atendimento, retrabalho no suporte, gargalos comerciais), formule uma hipótese objetiva (“se implementarmos X, reduziremos Y em Z%”), rode um piloto de cinco semanas com a versão mais simples possível, meça e decida: escala, ajusta ou descarta. O ciclo recomeça. É quase prosaico — e por isso funciona.

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“Mas por onde começo?”, você pode estar se perguntando. Comece pequeno e mensurável. Escolha um indicador que importe para o negócio e ataque um gargalo por vez. Documente o mínimo necessário: objetivo, hipótese, escopo do piloto, responsáveis, custo, métrica e critério de decisão. Se fizer sentido para a sua estratégia, avalie com seu contador o regime tributário — regime é estratégia. Para Victor, muita gente fica de fora da Lei do Bem por uma visão estreita do próprio negócio. 

Em simultâneo, mapeie as rotas de fomento mais adequadas a cada fase: incentivo fiscal no desenvolvimento, crédito na escala, subvenção na prova de conceito. E não esqueça o básico que sustenta qualquer edital: regularidade fiscal e societária, governança simples e rotina de registros.

Para ARs e pequenos negócios, isso se traduz em ganhos muito concretos. Um piloto que elimine um passo redundante no onboarding, por exemplo, pode liberar horas de equipe e reduzir erros; um assistente conversacional treinado com dúvidas reais do seu público (advogados, contadores, varejo) pode diminuir filas, melhorar a experiência e gerar dados para aprimorar processos; um ajuste no funil comercial, medido com nitidez, pode reduzir custo de aquisição e aumentar conversão — sem contratar mais gente. Nenhuma dessas ações depende de “grandes orçamentos” para começar. Elas dependem de método e da coragem de medir.

No fim, inovar é uma escolha diária por clareza: do problema, das métricas e das apostas que valem seu tempo e seu caixa. Com os instrumentos certos — incentivos fiscais, crédito, subvenção — e um ciclo disciplinado de experimentos, a inovação deixa de ser uma promessa distante e vira rotina que paga a própria conta.

Se você quer se aprofundar, o episódio completo está logo acima. 

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O Autenticados é o podcast da Certifica — conhecimento e prática sobre certificação e soluções digitais para quem empreende.

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